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A cultura e o evangelho colonizador



Quando se fala em Reino e cultura, faz-se necessário uma diferenciação entre a Cultura do Reino – que hoje é até um termo mais pejorativo – e a Cultura Evangélica. A cultura do reino é um conjunto de valores que influencia na construção do caráter de uma sociedade, bem como transforma ambientes e modus vivendi, enquanto a cultura evangélica nos remete a uma série de comportamentos que geram mercado para um público isolado do mundo.


A igreja por muito tempo se isolou de tudo e de todos com o pretexto de santidade, como se fosse incapaz de conviver em seu contexto atual sem se contaminar, fazendo desse modo ineficaz o mandamento de Cristo para que sejamos influência estando no meio. (Mt 5:13-14)


Na tentativa de facilitar a doutrina, eles padronizaram os costumes, pois é mais fácil dizer que tudo é pecado, do que ensinar o povo a ter bom senso e discernimento. O evangelho da graça é perigoso para qualquer liderança, pois para um povo leviano, basta afirmar que não é pecado, que saem consumindo todo tipo de porcaria. Eles não estão preocupados em agradar ou não o coração de Deus, estão apenas preocupados em “perder” ou “não perder” a salvação. Se bem que para o cristão reformados isso perde um pouco do sentido.


Portanto a graça torna todo o fardo leve e todo julgo suave (Mt 11:30), estimulando-nos a uma vida cristã de maturidade e não de adestramento religioso que nos segrega de mundo, quando a verdade deveria nos inserir nele para a transformação.


O evangelho não pode ser colonizador ao ponto de ignorar a cultura local, ele não veio pra tirar o cocar do indigena e pendurar a imagem de um Jesus europeu, que em nada se parece comigo e com você, mas veio pra transformar conceitos de valor a vida e anunciar salvação a quem se encontra perdido e essa salvação não depende das minha mudanças estereótipos, mas da transformação do meu caráter e metanóia da minha cosmovisão.


Em João 17:15 Jesus Cristo ora em favor de seus discípulos pedindo ao pai que os proteja do maligno – e consequentemente desse sistema governado pelas trevas – mas não que os tire do mundo, pois o Cristo reconhece que não há outra forma de mudar uma civilização a não ser colocando agentes do seu Reino infiltrado entre os povos. Foi isso que Deus fez com Jesus, fazendo-o andar entre pecadores para mostrar o jeito certo de ser gente, como diria Ariovaldo Ramos em seu livro “Pare de conjugar o verbo sofrer”.


Não precisamos de uma cultura evangélica que gera um mercado gospel para cada produto já existente: música gospel, filme gospel, livro gospel, roupa gospel e essa bobagem toda. Precisamos de pessoas consagradas e não instrumentos ou objetos de santificação. Precisamos de cineastas que tragam em suas ficções cientificas um mocinho que ama e respeita os seus pais. Precisamos de cantores de MPB que componham romances de casais que são fieis até o fim. Precisamos de grifes de roupas que evidenciem mais a beleza natural e acabe com o padrão de beleza musa. Precisamos de diretores de escolas que abram suas portas para que comunidades pobres tenham acesso.


Se você cristão, conhecendo sua natureza, decidiu afastar-se de tudo para que não o faça pecar, você tem todo o meu respeito. Feliz é aquele que conhece os seus limites. Portanto consumir o gospel não é o problema, crio que o erro está em demonizar todo o resto. Não é porque nem todos vivem como você, que estão vivendo da maneira errada. Ah, antes que os libertinos me usem como referências em seus facebooks, quero afirmar que existe sim uma maneira CERTA de viver e o modelo é: Jesus Cristo.


Analisemos dois casos, Jesus e João Batista: Jesus senta-se com publicanos e bebe vinho (Mt 9:10-12). João Batista por sua vez é consagrado para nunca beber vinho (Lc 1:14-15), além disso, ele também não veste roupas comuns (pele de camelo) e não come comidas comuns (gafanhoto e mel silvestre). Porém ambos não se condenam, pelo contrário, João vem antes anunciando e reverenciando Jesus, e Jesus logo após reconhece que não existe nenhum homem nascido de mulher, maior que João Batista.


Podemos sim dialogar com a cultura contemporânea, o que não podemos é nos conformar com os valores desse mundo. Seja criterioso naquilo que você ouve, assiste, lê e consome, seja quem for o autor, coisas boas pode-se reter, porém o que não edifica é jogado no lixo!




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